domingo, 11 de setembro de 2011

Apresento-me...




   Chamo-me Ana Dias Loução, nasci no baixo Alentejo no dia 24 de Março de 1925! A aldeia onde nasci, Sta Luzia fica nos mais escondidos recônditos do Alentejo profundo! Em 1925 ainda não havia chegado a electricidade à minha aldeia, se for a ver bem, ainda não tinha chegado nada à minha aldeia; quando queríamos algo íamos à procura, fora dos seus limites; o automóvel só aparecia de quando em vez e era reservado a alguns lavradores mais  ricos; para nós havia o burro ou o macho e a carroça para viagem muito longas; 
   No dia 24 de Março de 1925, havia um mundo em ebulição do qual pouco sabíamos. Os jornais não chegavam, cinema e rádio não havia.Vivíamos isolados neste nosso pequeno mundo, a aldeia mais próxima, Garvão, ficava a 10  quilómetros de distância. Eram os nossos vizinhos mais chegados, muitas das famílias completas distribuíam-se por estas duas aldeias. Ourique era a vila mais próxima, mas mesmo assim tão longínqua!
   A minha aldeia era muito rústica e incrivelmente pobre, tão pobre que fazia dó mas não me lembro de ninguém passar verdadeira fome. A maior parte das famílias trabalhava no campo.Trabalhava-se muito, mas as pessoas mais novas eram muito alegres. Iam para o trabalho a cantar e regressavam com a mesma alegria. Como já disse, quando nasci não havia luz eléctrica em Sta Luzia e na maior parte das aldeias circundantes. Lembro-me de haver candeias de azeite e depois, mais tarde, de petróleo. Quando nasci já havia candeeiros de petróleo mas na casa dos meus avós paternos ainda usavam as candeias de azeite.

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